Viver de renda: realidade ou apenas sonho?



Viver dos rendimentos da bolsa de valores é o sonho de muita gente, mas ainda existe muita desconfiança por parte dos investidores se esta é uma realidade realmente passível de ser atingida. Neste post vamos conhecer algumas histórias bastante inspiradoras.

Quem acompanha o blog, sabe que eu gosto sempre de apresentar exemplos práticos do mercado financeiro. Vasculhando na internet encontrei uma matéria da IstoÉ Dinheiro (edição 562) datada de 09 de julho de 2008 que reproduzo abaixo. Aproveitem e se inspirem!

Como investir na vida mansa

Comprar ações é arriscado, mas pode ser a melhor opção para transformar seu tostão em milhão

Por Ana Clara Costa

O dia 27 de junho tornou-se uma data histórica para a Microsoft. Foi o último dia de trabalho de seu célebre fundador, Bill Gates. Aos 52 anos e com uma fortuna de US$ 58 bilhões, o criador do Windows se aposentou. Nem todos podem se tornar bilionários como ele, mas o sonho de se aposentar como um milionário está ao alcance de muita gente - inclusive você. É possível alcançar a chamada melhor idade com direito a fazer tudo o que se pretende e sem apertos no orçamento.

Mas como chegar lá sem ser um empreendedor de sucesso ou uma celebridade? Há muitas maneiras e não faltam livros de auto-ajuda, aconselhamento financeiro e histórias inspiradoras de como alcançar o primeiro milhão. Poupar dinheiro e investi-lo corretamente é fundamental. As aplicações convencionais, como a renda fixa e os fundos de previdência privada, ajudam a encher o pé de meia. Mas para deitar na rede com a tranqüilidade de um aposentado rico, talvez você também precise trilhar o caminho das pedras da Bolsa de Valores.

É por meio das ações que os investidores se tornam sócios de empresas que geram bilhões em lucros, ano após ano. Comprar parte do capital da Petrobras, da Vale e do Bradesco, por exemplo, é uma boa estratégia para engordar a carteira no longo prazo. Muitas vezes, porém, esse caminho é tortuoso e arriscado. No Brasil, onde o mercado de ações não é tão maduro quanto em países mais desenvolvidos, deve-se tomar cuidados adicionais. No curto prazo, a euforia vira ressaca de uma hora para outra e os investidores despreparados acabam perdendo dinheiro na Bolsa. O nervosismo atual dos mercados exige maior prudência dos investidores, mas eles não precisam mudar suas estratégias de longo prazo - exceto, claro, se julgarem que o capitalismo não vai superar a crise atual, como sempre acontece.


Este ano, o Ibovespa, termômetro da BM&F Bovespa, foi a quase 74 mil pontos em maio, depois que o Brasil foi considerado um destino seguro para investimentos pelas agências de classificação de riscos de crédito Standard & Poor's e Fitch Ratings. Mas depois o humor dos mercados mudou radicalmente e as cotações despencaram. Somente em junho o índice caiu 10%, voltando para o nível de 63 mil pontos, o mesmo do final do ano passado. Na quarta- feira 2, fechou em 61.106 pontos. As quedas de curto prazo podem ser boas oportunidades para ir às compras, dependendo dos preços das ações e das perspectivas de lucro num ambiente de instabilidade, com juros e inflação mais altos. Os investimentos em ações sempre devem ser feitos com cuidado e um pouco de cada vez - os melhores desempenhos são de carteiras montadas ao longo do tempo, em que os preços médios são melhores que os investimentos feitos de uma só vez. Quem entrou no pico de maio está lamentando, mas quem investiu lá atrás não precisa arrancar os cabelos: em dez anos, o Ibovespa subiu quase dez vezes. O olhar de longo prazo, portanto, é indispensável.

Lição numero um: A escolha das empresas

O desafio é montar uma carteira de ações pensando em como estará o mundo dentro de dez, vinte ou trinta anos. A imprevisibilidade faz parte da vida. Há duas décadas, o mundo era outro, sem internet, sem celular. Haverá petróleo em 2030? As empresas lucrativas de hoje continuarão existindo? Uma coisa é certa: o tempo é implacável e, quanto antes você começar a poupar e a investir, mais irá aprender sobre o mercado de ações e mais dinheiro tende a acumular. "Trinta anos passam voando", afirma Robson Queiroz, diretor comercial da corretora SLW. Na cartilha dos investidores bem-sucedidos em ações, a lição mais importante é a escolha correta das empresas.

Você vai acertar e errar, mas deve sempre estudar a fundo as companhias nas quais irá depositar suas economias. Analisar detalhadamente os fundamentos econômicos e financeiros, a lucratividade, a distribuição de dividendos aos acionistas e o potencial de crescimento do negócio são pré-requisitos básicos para se montar uma carteira de aposentadoria de sucesso. Bancos e corretoras produzem fartas análises sobre as empresas mais negociadas na Bolsa. Esses relatórios nem sempre dizem quando há conflito de interesses - as companhias analisadas podem ser clientes das instituições financeiras, que ganham corretagens nos negócios -, mas trazem muita informação analítica individual e setorial.

Some o conhecimento alheio ao seu para selecionar empresas que distribuem bons lucros ao longo dos anos. Não é preciso ser um gênio das finanças e da contabilidade para detectar e acompanhar as melhores companhias. Basta entender os princípios básicos do mercado e garimpar bem as informações corretas. O americano Warren Buffett, o homem mais rico do mundo, só investe em negócios dos quais entende. Sua firma de participações, a Berkshire Hathaway, tem apenas 17 pessoas, incluindo a secretária, e um portfólio de US$ 280 bilhões.

Médico Prevenido

Sérgio Kaiser começou a investir em ações há um ano, de olho no futuro

Médico cardiologista, o carioca Sérgio Kaiser, 54 anos, recentemente começou a pensar na aposentadoria. Sem nunca ter investido em ações, há pouco mais de um ano montou uma carteira com o objetivo de poupar para o futuro. Fez um "mix" de ações bluechips e de segunda linha composto por Petrobras, Vale, Bradesco, Itaú, Klabin, Eternit. Atento ao conselho de ir devagar e sempre, ele tenta comprar ações mensalmente. "Estou investindo na multiplicação de riqueza dessas empresas. Não é um retorno financeiro motivado pela ação de juros", explica. Kaiser acompanha periodicamente os balanços das companhias às quais se associou e não dorme no ponto. "Minha estratégia é reaplicar os dividendos sempre nas épocas de baixa na Bolsa. Não adianta colocar o dinheiro ali e esquecer.

Quem esquece, corre risco", adverte o médico. Apesar da carteira de ações, Kaiser não pensa em parar de trabalhar. Quer continuar a carreira e espera que seus investimentos o ajudem a se atualizar e manter a competitividade em relação aos outros profissionais que chegarem ao mercado no futuro. "Aposentadoria para mim significa uma vida saudável e ativa. E o trabalho permite isso", conclui.

Olhando para trás, é fácil detectar as empresas brasileiras que pagaram mais dividendos nos últimos dez anos. Segundo levantamento da Economática, em valores corrigidos pela inflação, a Petrobras foi a mais generosa: repassou aos acionistas R$ 51,8 bilhões. O percentual do lucro distribuído (pay out) foi de 31,6%, acima dos 25% obrigatórios por lei. Outras empresas de lucros multibilionários, como a Vale, o Bradesco, o Itaú e o Banco do Brasil, também foram generosas. Dentre as campeãs em repasse proporcional de lucros, destacaram-se a Telesp, a Eternit e a Souza Cruz. Só foram incluídas na amostra as companhias que deram lucros todos os anos do período. "A regularidade nos pagamentos de dividendos é um critério importante para os investidores que querem menor exposição a risco", afirma Fernando Exel, presidente da Economática.

O desempenho passado não garante o futuro, mas as empresas adeptas dessa prática e com bom potencial de crescimento nos próximos anos são as candidatas naturais na carteira dos futuros milionários. Escolha pelo menos cinco empresas, de preferência de setores diferentes e das quais você tenha orgulho de ser acionista, recomenda o consultor Gustavo Cerbasi.

Descanço Precoce

O advogado Armando Hussein quer parar aos 50 anos

O advogado Armando Hussein el Ahmad quer se aposentar aos 50 anos. Com isso em mente, já aos 27 está montando sua carteira para a aposentadoria. Começou há mais de um ano aplicando com a mentalidade de ganhos no curto prazo, mas, devido aos tombos que levou, decidiu apostar em retornos mais longos e menos arriscados. Vendeu todos os papéis especulativos e agora só investe em duas empresas, Vale e Petrobras. Para aumentar a rentabilidade da carteira, faz algumas operações com opções. "Minha meta é acumular 20 mil papéis até os 50 anos", conta Ahmad. A aposentadoria precoce não significa que ele deixará também de investir. "Vou viver dos rendimentos da bolsa, mas também vou continuar investindo. O que eu não quero são os aborrecimentos e as obrigações do trabalho", diz. Complementar a aposentadoria com a previdência privada, nem pensar. Ahmad não confia nos fundos de aposentadoria. "Muitos deles faliram. Por que vou deixar alguém tomando conta do que é meu, se eu tenho plena capacidade de saber o que é melhor para mim?", questiona.

Lição numero dois; Acompanhamento constante

Como as blue chips de hoje podem se tornar os micos de amanhã, é preciso acompanhar o desempenho das companhias e rever a seleção de tempos em tempos. Investir em longo prazo não significa abandonar a carteira no fundo da gaveta, como se fazia antigamente (hoje, as ações são apenas registros eletrônicos). "Não se pode comprar o papel e esquecer. Tem que haver um acompanhamento", diz Queiroz. Não é o caso de olhar as cotações diariamente, mas de manter sempre os olhos abertos para as notícias envolvendo as escolhidas. Às vezes, até mesmo os ícones do mercado derretem, por melhores que sejam suas marcas. A brasileira Varig no Brasil e o banco americano Bear Stearns são provas recentes disso.

Poucas instituições financeiras indicam ações para investir em prazos muito longos

Pergunte a qualquer corretor de valores em quais empresas você deve investir hoje e provavelmente ele irá lhe apresentar uma lista. Geralmente, os analistas projetam os resultados no curto prazo (um ou dois anos), trazem ao valor presente e calculam o preço justo (quanto vale) ou o preço-alvo (quanto podem alcançar) das ações. Quanto maior a geração de receitas e quanto menor a relação entre o preço da ação e o lucro (PL), melhor. São poucos, no entanto, que se arriscam a aconselhar os melhores papéis para a aposentadoria. A DINHEIRO apresentou a dez grandes bancos e corretoras a seguinte pergunta: quais são as melhores ações para se investir em prazos de 10, 20 e 30 anos? Ninguém ousou responder, apesar do discurso geral de que "a Bolsa é um investimento de longo prazo". A visão um pouco turva é compreensível num país que recentemente viveu a hiperinflação e ainda tem muitos desafios econômicos pela frente, como os investimentos em infraestrutura, a reforma tributária e a melhoria da educação, só para citar três exemplos ligados à competitividade. Para muitos investidores, os problemas atuais são sinônimos de oportunidade. Sempre há vencedores e perdedores em qualquer ambiente econômico.

Você se lembra de bancos brasileiros bem geridos que perderam dinheiro nas crises passadas?

O aposentado bon vivant

José Américo Souza investiu 30 anos em ações e hoje curte a vida

Aos 72 anos, o gerente aposentado do Banco do Brasil José Américo Souza, quer curtir a vida. Sua rotina é invejável. Acorda todos os dias bem cedo e vai jogar tênis no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, que fica a poucos metros de sua residência. Almoça em sua própria casa, faz ginástica durante a tarde e, quando o tempo permite, toma um banho de piscina. À noite vai ao cinema, shows, teatros e restaurantes e viaja constantemente para campeonatos de tênis pelo Brasil.

"HOJE APROVEITO MINHA VIDA SEM PREOCUPAÇÃO DE COMPRAR OU VENDER (AÇÕES)"

Duas vezes por ano faz viagens ao Exterior. Para conseguir manter essa vida tranqüila ele conta, além de seu salário como aposentado do banco, com o respaldo de mais de 30 anos investindo em ações. Souza começou ainda nos anos 70 aplicando em blue chips a longo prazo. Mas em 2003 pegou todas as suas aplicações em renda variável e colocou no clube de investimentos que montou com seus amigos do Pinheiros. O clube cresceu tanto que virou fundo, o Vespi, e desde sua criação deu 1.230% de rentabilidade. Souza não quer dores de cabeça. "Hoje aproveito minha vida sem preocupação de comprar ou vender. Deixo tudo no clube. Claro que, quando vejo que subiu demais, fico atento e tiro um pouco", conta. Mais do que se preocupar com a oscilação da Bovespa, o tenista quer mesmo é aproveitar a vida. "O tempo é algo que não se recupera. E eu quero aproveitar o meu", diz.

Lição número três; Quando R$10 mil viram R$ 1 milhão

Montar a carteira da aposentadoria neste momento nervoso dos mercados requer capacidade de análise e, ao mesmo tempo, sangue-frio. Três corretoras aceitaram elencar para a DINHEIRO as ações que consideram boas pedidas para o longo prazo, mas sem definir os períodos. Cinco empresas apareceram simultaneamente nas listas da SLW, da Souza Barros e da Gradual: Petrobras, Vale, Itausa, Gerdau e Cemig. "Seja para 10, 20 ou 30 anos, essas companhias são as que apresentam melhores fundamentos e possibilidade de ganhos. Além disso, seu crescimento tem se mantido sustentável", afirma Clodoir Vieira, analista da Souza Barros. Duas já fazem parte das carteiras do médico cardiologista Sérgio Kaiser e do advogado carioca Armando Hussein el Ahmad. No conjunto das recomendações, também foram citados Bradesco, Ambev, Copasa, Sadia, Klabin, Transmissão Paulista, RedeCard, Aracruz, CSN, Eletrobrás e Perdigão.

Alguns desses nomes estão entre os melhores pagadores de dividendos, necessários à aposentadoria tranquila  Outros também tiveram valorização expressiva do capital investido, essencial para a manutenção do seu milhão de reais. Segundo a Souza Barros, em dez anos as ações preferenciais Petrobras tiveram uma valorização de 2.585%, enquanto a Vale PNA alcançou 4.136% e a Gerdau PN, incríveis 9.921%. Quem investiu apenas R$ 30 mil em partes iguais em papéis da Petrobras, da Vale e da Itausa, em meados de 1998, teria hoje uma carteira de R$ 1 milhão. Bastaria ter aplicado R$ 10 mil em ações da Gerdau para ter hoje a mesma quantia.

Ninguém garante que o desempenho futuro será tão exuberante, tampouco que será desastroso.
O economista Ricardo Humberto Rocha, do Ibmec São Paulo, aposta nos setores financeiro, de energia, telecomunicações, siderurgia e minérios para o longo prazo. "Apesar de determinados momentos não serem positivos, são setores essenciais para a indústria, para a vida. E que sempre existirão", explica. Se você acredita no potencial da Bolsa, espere a poeira baixar e prepare sua estratégia de longo prazo. Foi o que fez José Américo Souza, hoje um aposentado rico e feliz. "Não adianta só acumular. É preciso aproveitar a vida e gastar também", aconselha.

HÁ SETORES, COMO O FINANCEIRO E DE ENERGIA, QUE SÃO ESSENCIAIS E SEMPRE VÃO EXISTIR

Fonte.:
www.ricoporacaso.com
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